A PRIMEIRA BANDA DE
JAZZ MANOUCHE DO BRASIL
O quarteto HOT JAZZ CLUB tem seu nome como referência clara à célebre formação do Hot Club de France, que ficou famosa pelo encontro de duas figuras marcantes do jazz: Stéphane Grapelli no violino e Django Reinhardt no violão cigano, que se reuniram como banda entre os anos 30 e 40.
A originalidade da formação - por empregar apenas instrumentos de cordas com sonoridade acústica e perfil quase camerístico - sempre foi surpreendente, uma vez que o jazz viu surgir como solistas preferenciais uma quantidade abundante de trompetistas, saxofonistas, etc. Embora as formações de jazz mais usuais (que incluem instrumentos de sopro, piano e bateria) sejam tradicionalmente mais abundantes, há mesmo, hoje em dia, Hot Clubs em diversos países – Estados Unidos, Alemanha, França, Dinamarca, Canadá, Suécia e Japão – sempre incluindo em suas formações o violino, os violões ciganos e o contrabaixo acústico.
As coincidências entre as histórias dos dois grupos são realmente curiosas: a banda do Hot Club de France surgiu no Claridge Hotel de Paris, quando o hotel inaugurou, como opção de entretenimento, chás dançantes nos fins-de-tarde. Bandas diferentes, de sonoridade leve, agradável e, naturalmente, dançantes, se revezavam a cada 20 minutos – num desses intervalos, Grapelli precisou trocar uma das cordas de seu violino; enquanto afinava o instrumento atrás das cortinas, encontrou Django, e começaram a tocar juntos desde então. Grapelli costumava dizer 'talvez, se eu não houvesse quebrado aquela corda, nunca tivesse acontecido...'.
O HOT JAZZ CLUB surgiu há dez anos atrás em Campinas também em um hotel, como parte de um projeto de happy-hours jazzísticas. Semelhantemente, diferentes formações jazzísticas se revezavam – quando, certa vez, um dos integrantes do trio que Ernani liderava não pôde comparecer, e foi chamado Modesto para compor o grupo com sua guitarra. A admiração de ambos pela música e estilo de Django Reinhardt estabeleceu logo a afinidade das referências – a escolha do contrabaixo de Syllos, por fim, pareceu óbvia, pelo caráter quase performático e dançante da formação, e, desde então, o trabalho desenvolveu-se a passos largos e consistentes com a chegada de seu quarto integrante, Fernando Seifarth. Talvez, contudo, se aquele outro músico não houvesse faltado, então, também nunca tivesse acontecido...
Com o HOT JAZZ CLUB, a linguagem elaborada do jazz ganha contornos suaves e agradáveis, com um ritmo envolvente e dançante que contempla desde a chanson française até os clássicos manouches, desde os temas consagrados do swing até standards contemporâneos – mas não para por aí: o trio veste também com seus timbres surpreendentes e bem humorados desde os clássicos da bossa-nova e do blues até temas pop dos anos 70; desde baladas imortalizadas nas vozes das divas do jazz até grooves da Motown.
Intercâmbios musicais
Inspirado pela sonoridade ‘Hot Club’, o quarteto inclui sempre em seu repertório os principais clássicos do jazz manouche, sobretudo os grandes hits que consagraram o gênio de Django Reinhardt assim como o estilo de Stéphane Grappelli. Longe, porém, de se ater ao papel de ‘cover’, o quarteto apenas se utiliza dessa linguagem específica para desenvolver a sua vocação fundamental, que é a de promover releituras de temas originalmente escritos em outras linguagens.
Sempre fez parte da atitude essencial do jazz a ideia de reler com liberdade, humor e improvisação temas conhecidos pelas pessoas e advindos de substratos culturais mais populares. Os primeiros jazzistas executavam versões improvisadas de sucessos do teatro de variedades e dos salões de baile; mais tarde esse mesmo importe continuou com os sucessos da Broadway e de Hollywood.
Ao longo de seus 10 anos de existência, o HOT JAZZ CLUB sempre fez questão de incluir em seu repertório releituras de temas pop, de melodias da MPB, de clássicos do samba e da bossa nova em versões jazzísticas inusitadas como parte de sua vocação em exercitar um contínuo e criativo intercâmbio de linguagens, acreditando ser essa uma estratégia eficiente para promover também a formação de novos ouvintes.
Ao proporcionar ao público a oportunidade de reconhecer as músicas de que tem memória afetiva e cultural, o HOT JAZZ CLUB oferece uma experiência completamente autêntica e lúdica de compreensão da essência do jazz: a percepção de que o jazz não é O QUE se toca mas, sobretudo, COMO se toca – e que, quando se conhece a referência de origem, é possível não apenas apreciá-lo como realmente divertir-se com o jogo de improvisações que os músicos desempenham sobre o tema.
O sofisticado repertório montado ao longo de mais de dez anos de constantes pesquisas dá a dimensão do trabalho que o quarteto vem desenvolvendo.
O importante produtor e crítico musical Zuza Homem de Mello tem feito entusiasmados elogios ao HOT JAZZ CLUB como sendo "o Fino do Jazz em Campinas", "com um repertório de um bom gosto insuperável", e assinou a produção do primeiro álbum do grupo, que contou com participação especial de Roberto Menescal.
Do batucado manso da bossa-nova ao funkeado empolgante de grooves quentes, da batida pop dos hits americanos ao sincopado dos ritmos latinos, das melodias europeias ao chorinho, ao samba e à bossa nova, todas as cores musicais se agitam e saem reinterpretados com uma alegria contagiante do bojo encordoado dos quatro instrumentos que fazem lembrar o swing francês nostálgico e dançante dos anos 30.
A surpresa fica por conta de redescobrir a cada vez os mais consagrados temas através dos inusitados intercâmbios de linguagens musicais e dessa instrumentação singular e bem-humorada, que faz com que cada interpretação seja única.
HOT JAZZ CLUB
Ernani Teixeira
violino (direção artística)
Marcelo Modesto
violões ciganos
Fernando Seifarth
violões ciganos
Gilberto de Syllos
contrabaixo acústico